domingo, 7 de dezembro de 2008

Biquini Cavadão comanda Luau em Maceió

No último sábado (6 de dezembro) aconteceu na capital alagoana o Luau do Biquini, evento que contou com as presenças das bandas Biquini Cavadão e $ifrão (conhecida banda de reggae/ska local), porém é da primeira a quem me incumirei de escrever algumas linhas. Primeiramente, é válido esclarecer que me considero um fã do trabalho feito pela banda Biquini Cavadão, principalmente nesses últimos três anos, desde o lançamento do primeiro CD/DVD ao vivo, onde corajosamente o grupo passou a comandar as rédeas da carreira e, corajosamente, afastou-se da dependência das grandes gravadoras, investindo na produção de discos (já foram três até agora) de maneira idependente e no contato direto com os fãs e simpatizantes da banda, que a acompanham fielmente aonde quer que está vá, através de foruns de discussão em comunidades no orkut e através dos espaços disponibilizados no site oficial da banda (biquini.com.br). Ou seja, apesar de afastada das grades de programação dos meios de comunicação formadores de opinião (vide difusoras de rádio e emissoras de TV, como Mtv, por exemplo) - sendo válido destacar que isso não ocorre por vontade do grupo - o Biquini Cavadão utiliza inteligentimente o único recurso que detém de forma simples e direta (além de ser extremamente 'democrático'): a Internet. Após este breve resumo acerca da notoriedade que a banda tem para mim, é válido dizer também que este não é o primeiro show que assisto da banda ( o primeiro foi no começo do corrente ano, na cidade de Garanhuns-PE, num respeitado festival de música, evento este que foi registrado neste blog) e, portanto, já tendo presenciado ao vivo a apresentação da banda, tinha a certeza de que este também seria um ótimo show. E de fato o foi.

Era pouco mais de meia-noite (o evento estava marcado para começar às 22 horas) quando o Biquini subiu ao palco do Clube da Adepol, na praia de Jacarecica e, com bastante energia, abriu o show com "Em Algum Lugar no Tempo", primeira música de trabalho do mais recente disco da banda, Só Quem Sonha Acordado Vê o Sol Nascer, seguida da já clássica "Carta aos Missionários", música originalmente gravado no album de 'covers' da banda, 80. O público agitou bastante do começo ao fim da execução desta canção e não parou quando foi executada "Chove Chuva", composição de Jorge Ben Jor, imortalizada pelo Biquini, onde, apesar de não ter caído um pingo de chuva, a platéia não fez a mínima questão e agitou bastante, principalmente durantes os corais de iê, iê, oôoô e do refrão contagiante da canção. É válido citar também que, aproveitando que não chovia de verdade, o carismático vocalista Bruno Gouveia jogou bastante água nas pessoas próximas ao palco.

Acalmando o tom do show, a banda emenda um 'medley' com duas das suas mais belas baladas, "Vou te Levar Comigo" (uma das minhas preferidas) e "Quando eu Te Encontrar" (música esta que já foi tema da série - ou novela infinita, como preferir - Malhação, da Rede Globo, só não sei de qual 'temporada'...). Após este momento mais calmo, Bruno comenta sobre o próximo trabalho da banda, que será lançado na próxima semana, chamado 80 Volume 2, que consiste num CD/DVD gravado no último mês de setembro no Circo Voador do Rio de Janeiro, totalmente composto de canções que marcaram época na década de 1980, sendo, como o próprio nome sugere, uma continuação do trabalho lançado em 2001 pela banda. A seguir, completa dizendo que as próximas duas músicas foram registradas neste novo trabalho e que foram originalmente por dois dos maiores 'poetas' da música brasileira (depois disso ficou fácil advinhar quem seriam os 'poetas"): são eles Cazuza e Renato Russo, sendo executadas ótimas versões para "Exagerado" (do Barão Vermelho) e "Índios" (da Legião Urbana), que conseguiram animar ainda mais a já bastante inflamada platéia, que cantou em uníssimo ambas as canções com bastante emoção.

Dando prosseguimento ao repertório da banda, foram executadas "Múmias" (canção bastante reflexiva sobre o sentimento bélico do ser-humano, que teve em sua versão original a participação de Renato Russo), "Só Quem Sonha Acordado Vê o Sol Nascer" (faixa-título do mais recente trabalho de estúdio) e "Restos de Sol" (balada do mesmo disco). Apesar de boas canções, estas não conseguiram empolgar tanto o público presente (provavelmente muitos não conheciam as músicas novas - e vê-se aí a primeira dificuldade que os artistas que não têm espaço nos conglomerados midiáticos detêm, a divulgação e veiculação de seus trabalhos - sem jabá, é claro).

Contudo, este clima não durou muito tempo, visto que a seguir foi executada um dos mais recentes hits do Biquini, a canção "Dani", que reascendeu mais uma vez os maceioenses (impossível não ter o trecho "Só penso nela, quem é ela, o nome dela é Daniela" grudado na cabeça). Porém, para surpresa de todos (menos minha, que já tinha presenciado o que viria a seguir no show de Garanhuns), no durante a execução de Dani o Biquini emendou "Uma Brasileira", grande sucesso dos Paralamas do Sucesso. Resultado? Palmas e ovações por parte do público presente. E, pra completar a trinca de sucessos, nada mais nada menos que "Janaína", música que fez bastante sucesso em 1998 e que, de certa forma, reascendeu a banda, visto que esta canção foi executada com muita freqüencia em todo o Brasil. Mas a sucessão de hits não parou, já que foi emendada a seguir a música que mostrou o Biquini Cavadão para todo o país e, sem sombra de dúvidas, é, foi e será seu maior sucesso: "Tédio". E dá-lhe o público a pular e cantarjunto os versos da canção.

A seguir, para acalmar a platéia, tocaram "Timidez", que fez com que diversas garotas cantassem junto com Bruno, esta que é uma das canções mais ternas que a banda tem. Porém, como é de praxe do Biquini sempre surpreender o público, emendaram a belíssima "Aonde Você Mora", canção composta por Nando Reis e registrada pelo Cidade Negra, sendo cantada com bastante entusiasmo por todos os presentes.

Sem deixar a peteca cair, a banda executa "Quando os Astronautas Foram à Lua", que seria responsável por um dos melhores momentos do espetáculo, já que o vocalista Bruno chamou (como já é de praxe nos shows do Biquini) alguém da pista pra subir ao palco e cantar junto à ele o refrão da música (confesso que tentei ao máximo chamar a atenção da banda para ser chamado pra subir ao palco, no entanto, não foi desta vez que fui contemplado). Quem subiu foi um jovem chamado Felipe, que agitou bastante e cantou com Bruno. Simplesmente único esse momento e que, até que se prove o contrário, só o Biquini Cavadão faz.

Logo após outra das músicas mais belas e queridas do Biquini foi executada, a lírica "Vento Ventania" ("Quero mover as pás dos moinhos/E abrandar o calor do sol/Quero emaranhar o cabelo da menina/Mandar meus beijos pelo ar/Vento, ventania me leve prá qualquer lugar/(...) Me leve mas não me faça voltar..."), com direito à brincadeira com os presentes, já que a banda dividiu a platéia em dois grupos (que seriam comandados pelo tecladista Miguel e por Felipe, o rapaz contemplado para subir ao palco na música anterior, respectivamente. Um momento muito bacana, com muitos 'heys' , palmas e saltos.

A seguir, uma das músicas que mais escutei da banda foi tocada: "Impossível". Música com uma letra muito intensa e que, de acordo com Bruno em diversas entrevistas, divide opiniões e apresenta diversas impressões acerca da sua temática. Porém, o que vale mesmo é que esta canção também possui uma belíssima conotação lírica e que, os presentes de todas as idades cantaram juntos mais uma vez do começo ao fim. Logo após, a banda deixa o palco e o público começou prontamente a clássica ovação, gritando: Biquini! Biquini! Biquini!...

Eis então que voltam ao palco apenas Bruno e o guitarrista Carlos Coelho, que começam a tocar a bela canção "Quanto Tempo Demora um Mês", que teve uma acentuada participação da platéia, visto que durante alguns momentos Bruno convidou a todos a cantarem sozinhos versos como "(...) Se eu pudesse escolher/Outra forma de ser/Eu seria você/E a saudade em mim agora/Quanto tempo será que demora um mês pra passar(...)". Com a banda toda de volta e a platéia na palma da mão, Bruno desabafou um pouco sobre a situação atual da música brasileira. Falou que o país possui lindas canções em todos os estilos musicais (o vocalista citou a MPB, o axé e o forró), que este ano a Bossa Nova completou cinqüenta anos de existência, a Jovem Guarda quarenta etc. Comentou ainda que a responsabilidade pela qualidade das músicas atuais eram de nossa responsabiliade (nós, jovens, que consumimos música quase que por osmose) e questionou se nós queríamos comemorar daqui há algum tempo vinte ou trinta anos de Créu? De Chupa que é de uva? De Festa no apê? Bruno disse que existe muita coisa boa sendo produzida atualmente, em diversos estilos musicais e que caberia a nós escolhermos os bons trabalhos e passar a valorizar as músicas que possuam mensagens que acrescentem à todos nós. Após ser bastante aplaudido (inclusive por mim, que me emocionei bastante com a mensagem de alerta) Bruno diz que executarão mais duas músicas do trabalho que será lançado na próxima semana. Tocam "Tempos Modernos" e "Envelheço na Cidade" (que foi dedicada a um dos técnicos que trabalham com a bamda, que teria feito aniversário no dia anterior ao do show), de Lulu Santos e Ira!, respectivamente. Também é válido citar que, entre a execução dessas músicas, Bruno comentou que algumas pessoas criticam o Biquini por tocar bastante canções de outros artistas, fato este (tocar tais músicas) que Bruno disse ter de muito orgulho de "tocar canções tão lindas". Mais uma vez aplausos contagiantes por parte do público.

A próxima música a ser tocada foi "Camila, Camila" (do Nenhum de Nós), gravada pelo Biquini no disco 80, que não foi executada por completo, visto que durante sua execução começou a chover e a banda, de forma improvisada (deu pra perceber que quando Bruno notou que começara a chover, prontamente avisou aos demais membros da banda para executarem uma música em especial) tocou mais uma vez "Chove Chuva", agora sim perfeita no seu papel. A galera entrou no clima e cantou junto mais uma vez, só que por baixo da garoa.

Ao término da canção, diversas pessoas gritavam: "Zé Ninguém!". Prontamente o Biquini atendeu e finalizou a belíssima apresentação nas terras das Alagoas com esta música extramemente energética e detentora de um conteúdo crítico e, apesar de ter sido composta nem meados da década de 1990, continua absurdamente atual (para tristeza da população), visto que a canção discursa sobre corrupção, impunidade, política etc. Após sua execução, todos os membros da banda (além de Bruno, Coelho e Miguel, completam a formação o baterista Álavaro Birita, o baixista Patrick Laplan e o Saxofonista Walmer Carvalho) agradeçem aos maceioenses presentes, afirmam ser este o melhor show da banda em terras alagoanos e que, estão bastante felizes por que a cada novo show mais pessoas prestigiam o trabalho da banda. O Biquini agradeçe mais uma vez à platéia e deixa o palco.

Beirando as duas horas da manhã e após quase duas horas de show, este teve decretado o seu fim. Resultado? Platéia extremamente satisfeita e na ânsia pela próxima visita do Biquini Cavadão às terras maceioenses. E que este momento não tarde a vir...

Próximo evento? Ceia de Natal e Revellón com a família! Ou seja, nada de posts até o próximo ano... eu acho!

-------------------------------------------------------------------------------------------------

Saldo:

Ponto alto? Local agradável, apesar da distância. Boa estrutura de palco, que permitia uma boa visibilidade da banda. Preços dos ingressos justos. Quanto à banda, todos estão de parabéns, mas destaco à érformance de Bruno Gouveia, que subiu na estruturado palco, deu um mosh em cima da platéia e ficou alguns minutos ao redor desta (peguei na 'careca' e na mão do Sr. Gouveia), além é claro dos discursos pertinentes e do carinho para com o público e para com a organização do evento, já que, além de agradecer aos organizadores, Bruno também fez questão de agradecer os locais que aos quais a banda utilizou os serviços, como o Hotel Meliá e o restaurante Budega do Sertão, por exemplo. Maravilha!

Ponto baixo? A péssima cerveja (que marca horrível era aquela? Sinceramente, nem sequer a cerveja mais genérica de todas - Nova Schin - tinha no evento. Horrível o gosto da cerveja e o preço também (3 reais por aquilo?). Conseguiu ser pior que a já citada Brahma Fresh, que tinha no show do Nando Reis do Armazém Uzina. A desorganização quanto a programação também vale destaque, além da falta de Dj's durante as pausas entre uma banda e outra e, da estranhíssima escolha das músicas de fundo durante a passagem de som das bandas.


Site-oficial: Biquini Cavadão.

Obs.: O show seguinte, da banda $ifrão, também foi muito bem recebido. O grupo maceiosense tocou vários sucessos dos Paralamas do Sucesso, Skank, Natirutz e Los Hermanos, além de apresentar algumas músicas próprias. Infelizmente, não tenho mais energia para digitar mais sobre a apresentação do pessoal, mas em resumo foi uma boa apresentação que agradou ao (pouco) público que ainda permaneceu no local após o término da apresentação do Biquini Cavadão.

Obs 2.: Não levei máquina fotográfica, por isso que nenhuma imagem do show foi disponibilizada nesta resenha. No entanto, quem tiver fotos (ou vídeos) do show e puder me ceder ára ilustrar ainda mais este relato, ficarei muito agradeçido. Lembrando, é claro, que as fotos (e/ou vídeos) serão, naturalmente, creditados ao responsável.

Obs 3.: Devido à correria deste período de encerramento de ano, talvez não possa postar mais nada no blog ainda este ano, portanto, caso isto ocorra, desde já desejo à todos e à todas um feliz natal e um grande ano novo!
Até 2009!

Nenhum comentário: