domingo, 20 de abril de 2008

Garanhuns recebe o show do ano (pelo menos até agora!)

Sábado. 19 de abril. Dia do índio. Também é o segundo dia do IV Festival de Música e Arte de Garanhuns (FEMUARTE). Tido como o maior festival de música do país (pelo menos em prêmios), a noite fria de sábado foi aquecida pelos "novos" talentos da música brasileira, que vieram do Acre à Minas Gerais. Quinze intérpretes (e compositores) se apresentaram, mas apenas cinco deles obtiveram a classificação para a final (que aconteceu hoje). Após a "batalha", foi a vez do show de André Rio, representando o Nordeste com muito forró e música regional. Porém, o que as mais de 10.000 pessoas presentes na Esplanada Cultural Guadalajara esperavam era a atração principal da noite, a banda Biquini Cavadão.

Pouco depois das 2 horas da manhã o Biquini Cavadão sobe ao palco e abre o show com a energética "Carta aos Missionários", cover presente no CD 80 (de 2001). Mesmo com o início de chuva, a platéia (eu idem) não perde o clima de festa e pula sem parar. Bruno Gouveia, vocalista do Biquini, não perde a deixa e emenda "Chove Chuva", originalmente gravada por Jorge Ben Jor e "Me Chama", de autoria de Lobão e também presente no CD 80. Bruno não perde o controle do público por um minuto sequer. Pula, corre, "dança", convida a galera à cantar junto.

A próxima é a música de trabalho do novo disco do Biquini, Só quem sonha acordado vê o sol nascer, "Em Algum Lugar no Tempo". A seguir são apresentadas as baladas "Vou Te Levar Comigo" e "Quando Eu Te Encontrar" e a crítica "Múmias".

Mais duas do novo disco são apresentadas ("Estou Com Saudades de Você" e "Cada um Com a Sua Cara") e o primeiro sucesso do grupo: "Tédio". Antes de iniciarem esta última, Bruno comenta que essa é a original e que ninguém aceite imitações (referindo-se a "versão" funk denominada Adultério). E ainda desferiu uma crítica ácida contra a atual indústria musical do país, quando discursou: "Música se faz com atitude, música se faz com o coração, música se faz com a cabeça, música não se faz com a bunda não!". Não sobrou pedra sobre pedra, foram aplausos e gritos em comoção. A agitação foi geral.

Em seguida mais hits são apresentados: "Timidez" e "Dani", porém o momento chave do show aconteceu quando a banda tocava "No Mundo da Lua". No meio da música, Bruno chamou uma pessoa da platéia para cantar o refrão da música ("Não quero mais ouvir, a minha mãe reclamar, quando eu entrar no banheiro, ligar o chuveiro, mas não me molhar"). Um rapaz de Caruaru-PE foi contemplado e, além de cantar, foi também requisitado pela banda pra "agitar" a inscensante galera presente. Bruno dividou a platéia em duas e, chamou o tecladista da banda, Miguel, para comandar um lado e o escolhido da platéia, o outro. Seguiu daí uma disputa de palmas para ver qual lado do público estava mais animado. Fantástico! Nunca me diverti tanto num show. Esse foi um momento fantástico de interação entre banda e público, uma prova de que o Biquini é uma das bandas mais prestativas no que se refere aos fãs.

Continuando, o contemplado volta ao seu lugar no meio do público e o Biquini manda a pop, porém contundente "Janaína" e a clássica "Impossível", músicas cantadas em uníssomo. Ah, falando em clássico e únissomo, o Biquini Cavadão emendou entra algumas músicas alguns grandes sucessos de outras bandas (além das músicas já citadas e que foram regravadas pela banda em trabalhos anteriores), como "Uma Brasileira", dos Paralamas do Sucesso, "Aonde Você Mora", comoposiçaõ de Nando Reis imortalizada pela Cidade Negra, "Wonderwall" do Oasis e até mesmo "Tropa de Elite", do Tihuana. Nesta última, mais uma intervenção magistral da banda. Bruno chama mais um fã do meio da platéia para participar da música junto a ele. Além de cantar o refrão da música redescoberta depois do filme de José Padilha, houve uma encenação de um trecho do filme. Bruno fez o Capitão Nascimento, enquanto o "anônimo" da platéia fez o recruta. A cena encenada foi a da aula, quando Nascimento dá uma granada para o recruta permanecer acordado ou explodirá o Capitção, os outros recrutas e a si mesmo. A diferença da cena no show era que, no lugar de granada, o que o contemplado segurava era uma cerveja bem gelada.

Ah, também destaco o comentário sem viseiras de Bruno, sobre o caso da menina Isabella (que já está enchendo o saco... pelamordedeus, deixem quem tem competência trabalhar e não a mídia que só quer sensação e anúncios publicitários... acorda Brasil!). A voz do Biquini comenta de forma simples, porém contundente: diz que nesse momento várias Isabellas estão morrendo e que, juntamente a isso, temos que acordar para outras questões tão maltratadas por nós (e nossos representantes públicos). Segurança, saúde, educação. Ou seja, tiremos as viseiras. O caso de Isabella foi (e ainda é) gravíssimo, mas não podemos nos voltar apenas para ele (e, mesmo que os pais da menina sejam culpados, não cabe a nós, julgá-los sem provas), pois como Bruno afirma, problemas temos em ordem crescente.

Voltando ao show: a platéia estava em polvorosa e a banda manda "Toda Forma de Poder", do Engenheiros do Hawaii. Logo após, é tocada a poética "Vento Ventania" que, mais uma vez, demonstrou o poder de persuassão e carisma que os músicos do Biquini perpassam para o público. Além de iê, iês durante a canção e palmos para o alto, Bruno pediu para que todos os presentes dessem dois passos para trás e que se agachassem. Quase toda a platéia atendeu ao pedido e, ao sinal do vocalista, todo mundo saltou ao mesmo tempo e a banda encerrou a música com chave de ouro.

O Biquini se despede do público. Enquanto todo mundo gritava: "Biquini, Biquini!", requisitei meu irmão para ir comprar o novo disco da banda, que estava sendo vendido próximo à mesa de som do evento quando, ela volta e uma música registrada no disco "Ao Vivo" (gravado em Fortaleza), "Quanto Tempo Demora Um Mês", que possui uma das letras mais bonitas da banda e foi mais uma cantada em uníssomo pelos presentes. A seguir é apresentada mais uma nova, a faixa título do novo trabalho "Só Quem Sonha Acordado Vê o Sol Nascer". Neste momento percebi que a apresentaçaõ estaria chegando ao fim, então tentei me aproximar o máximo do palco, com o intuito de pegar alguma baqueta ou palheta no fim da apresentação.

É então a vez de "Zé Ninguém", um dos maiores hits do Biquini e, com essa canção nem eu mesmo pude ficar indiferente a energia que música e letra passam. Tirei minha camisa e, como as milhares de pessoas presentes, acatamos a sugestão de Bruno para que rodássemos as nossas camisas no ar e, ao som de "Eu sou do povo, eu sou um Zé ninguém, aqui embaixo as leis são diferentes" rodopiei minha camisa no ar até quase deslocar meu ombro. Energia pura!

São 4 da manhã e, quase duas horas depois do início da apresentação, o show acaba. A banda toda faz a velha corrente e agradecem calorosamente ao público presente. Sugerem o nome da banda para o já próximo Festival de Inverno (também de Garanhuns, um exemplo de investimento em cultura e entretenimento no Nordeste) e se despedem do público com um grande sorriso estampado no rosto. Fim de show e a certeza de que esse foi um dos melhores shows que já ocorreram na cidade (comentários foram feitos aos milhares) e a prova de que o Biquini Cavadão é uma banda completa, querida e que sabe se comportar ao vivo, visto que tecnicamente não era para a banda se apresentar no Festival, já que ela comparecera no ano anterior. Porém, devido à insistência o público que elogiou bastante a apresentação deles no último festival, a organização tartou de trazê-los de novo. E aí, alguém duvida que a melhor banda que EU vi num palco esteja cotadíssima para o próximo festival? Eu não!

Próximo evento? Zeca Baleiro, dia 10 de Maio, em Maceió - AL.


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Saldo:

Ponto alto? Tudo. Repertório, interação banda x platéia - platéia x banda, Bruno Gouveia subindo (literalmente) na estrutura do palco e cantando pendurado. Até a chuva contribuiu para a festa!

Ponto baixo? O horário para o início do show (2 da manhã). Estava morrendo de sono antes da apresentação, porém isso pode ser relevado. Ah... também a produção da banda deveria levar um puxão de orelha. Não consegui pegar nenhuma baqueta ou palheta por que a banda não jogou nenhuma. Que decepção! No entanto, isso também é irrelevante! Showzaço! Acho que o ponto baixo ficar para mim, por não ter ido a apresentação da banda em outubro do ano passado em Maceió, na Choperia Orákulo. Porém, foi por uma boa causa. Fui ao Festival de Primavera em Arapiraca para ver Os Paralamas do Sucesso!

Site-oficial: Biquini Cavadão.

2 comentários:

Anônimo disse...

É impossível esquecer um show deles...

Parabéns por ter ido..

Buaaaaa
QUe inveja..
Zeca Baleiro Estaremos lá.
bjos

Unknown disse...

kra foi um dos melhores shows que fui em minha vida valeu apena ainda consegui comprar a camisa da banda na mesa de som e essa vou guardar como recordação.valeuuuuuuuuuuuu